Um estudo indica que é possível viver com pouco dinheiro. O estudo, publicado na revista Scientific Reports, analisou a satisfação com a vida de pessoas que vivem em comunidades indígenas e locais de diferentes continentes, culturas e ecossistemas.
Os investigadores entrevistaram os participantes sobre vários aspetos da sua vida, como a saúde, a educação, a segurança alimentar, o ambiente e as relações sociais.
Os resultados revelaram que, apesar de terem rendimentos monetários muito baixos ou inexistentes, muitas destas comunidades apresentam níveis elevados de satisfação com a vida, comparáveis aos de países desenvolvidos.
Os autores do estudo sugerem que esta descoberta desafia a ideia de que o crescimento económico é essencial para o bem-estar das pessoas e que as sociedades de pequena escala dependem da natureza e dos laços comunitários para a sua felicidade.
A subsistência de muitas comunidades indígenas e locais depende diretamente da natureza, que lhes fornece alimentos, água, medicamentos e outros recursos essenciais. Um estudo internacional, que envolveu 43 sociedades de pequena escala em diferentes regiões do mundo, revelou que essas comunidades apresentam níveis de satisfação com a vida comparáveis ou superiores aos das sociedades industrializadas, apesar de terem rendimentos muito inferiores.

Os investigadores, cujo trabalho foi publicado na revista científica norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), obtiveram uma pontuação média de satisfação com a vida nas comunidades estudadas de 6,8 numa escala de 0 a 10. Algumas médias não ultrapassaram os 5,1, mas quatro das sociedades de pequena escala registaram “pontuações médias superiores a 8, típicas de ricos países escandinavos”.
Salientando que muitas das referidas sociedades têm “histórias de marginalização e opressão”, o comunicado adianta que os resultados do estudo “são conformes com a noção de que as sociedades humanas podem permitir vidas muito satisfatórias para os seus membros sem exigir necessariamente elevados níveis de riqueza material, medidos em termos monetários”.
“A forte correlação frequentemente observada entre o rendimento e a satisfação com a vida não é universal e prova que a riqueza – tal como gerada pelas economias industrializadas – não é fundamentalmente necessária para que os humanos levem vidas felizes”, afirma Victoria Reyes-Garcia, investigadora do ICREA (Instituto Catalão de Investigação e Estudos Avançado) ICTA-UAB e coautora do estudo.
As conclusões do estudo representam “boas notícias para a sustentabilidade e a felicidade humana”, pois provam que “o crescimento económico baseado na utilização intensiva de recursos não é necessário para atingir níveis elevados de bem-estar subjetivo”.
Por outro lado, os investigadores sublinham que não sabem porque que é que “as pessoas em muitas comunidades indígenas e locais relatam elevados níveis de satisfação com a vida”.
Trabalhos anteriores sugeriam que entre os fatores importantes estão o apoio e as relações familiares e sociais, a espiritualidade e a união com a natureza, “mas é possível que os fatores variem entre as diferentes comunidades”, diz Eduardo Brondizio, professor da Universidade de Indiana (EUA) e coautor do estudo.